segunda-feira, 2 de março de 2009

A minha vida real em uma "pauta".

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Não vou ser jornalista. Não tenho talento nem motivação para exercer a profissão e sei muito bem disso. Mas devo confessar que algumas vezes as sérias brincadeiras de entrevistar exigidas pela faculdade me surpreendiam e comoviam de forma irreversível.
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É impressionante como pessoas que há dez minutos atrás não passavam de desconhecidas para nós (e nós para elas) permitem nossa entrada em suas vidas, confidenciam seus medos, suas alegrias, suas impressões sobre este imenso mundo do qual fazemos parte. São depoimentos que muitas vezes não são publicados no corpo final da reportagem, mas que nos tocam a fundo, tornam-se inesquecíveis em suas peculiaridades e nos fazem pensar e repensar o sentido de nossa existência.
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O coveiro que diferencia as reações das pessoas em velórios de acordo com suas classes sociais e acredita que os menos abonados são muito mais sinceros em suas emoções, o funcionário do hospital que tem ‘sangue-frio’ para atender os feridos, mas inconforma-se com a crueldade com que alguns tratam seus parentes internados, a senhora que perdeu o pouco que tinha em alguns minutos de chuva e nos recebe com seu abraço mais carinhoso, com seu sorriso mais bonito. São sentimentos transmitidos por gestos inquietos, olhares cintilantes, expressões transparentes. É a vida, o caráter. São os valores de cada um que entram na nossa peneira de pensamentos e nos ajudam a construir os nossos.
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Pelo visto a minha incursão no mundo do jornalismo não vai durar tanto, mas as experiências que eu tive ao longo desses dois semestres me marcaram profundamente. Vou sentir falta das marias, dos josés, dos tantos personagens da vida que através das pautas que tive que cumprir entraram e sairam do meu dia-a-dia, das pessoas que de alguma forma deixaram sua marca em mim.
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Na foto: Laurinha, eu e Evelyn, após uma tarde brincando de 'jornalizar'.

ps: vou sentir falta do em pauta, gatekeeper, LEAD, deadline, nariz-de-cera, release, pirâmide invertida, agenda setting, espiral do silêncio, entre tantas outras expressões igualmente divertidas que nos fizeram rir nas tardes de sexta-feira. Vou sentir falta também dos finais de tarde na 25, das noites de sábado em Seu Lomba, das feijoadas na casa de Júlio, do forró do Porto, das aulas práticas de Nova, de atravessar a ponte para tomar sorvete em São Félix (né, Laurinha?), de filar aula para tomar banho de Cachoeira no Balneário (né, Léo? ¬¬ rs), de passar as madrugadas em claro fazendo o artigo de Colling, de almoçar lasanha todos os dias (eu também te muito I love you, Val! =D), de reunir a galera em frente ao rio e improvisar um luau... Saudades, como não sentir?
Saudade de um pedaço de mim que vai ficar aí com vocês.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Olha pelo lado positivo, Sam: a gente só tem saudade do que foi bom! :)
Boa sorte nessa nova jornada!
Bjo.