terça-feira, 14 de julho de 2009

" Minha princesa! "

.
.* É assim que ele me chama de vez em quando. Me chamava bem mais quando eu era menor (e parecia uma princesinha de cachos castanhos, eu acho, rsrs. E hoje me deu vontade de escrever para ele).
.
Pai, essa noite tive um sonho estranhíssimo (e mais estranho ainda é que faz um tempão que não tenho sonhos). Ainda comentei contigo enquanto voltávamos de Franco da Rocha. Só que eu resumi o sonho em poucas palavras: as férias tinham acabado antes da hora, eu voltava pra Itabuna e chorava a sua falta no meio da noite.
..
A verdade, é que eu sonhei que o senhor quase morria. Tinha um problema de saúde, não sei exatamente qual, e parecia que tinha chegado a sua hora. E eu não entendia, porque o senhor sempre foi tão saudável, parecia que ia viver pra sempre. E eu não me conformava por ter voltado pra Itabuna antes da hora, por não estar por perto. Não que eu fosse ser extremamente necessária ou coisa assim, era mais por causa da saudade mal-resolvida que ia ficar depois. Mas não aconteceu. O senhor não morreu, no fim das contas. E inexplicavelmente (agora eu sei, porque foi um sonho) você estava em Itabuna, na minha casa, dando glória a Deus. E eu lhe dei aquele abraço que o senhor gosta tanto, dizendo exatamente isso. Que tive tanta saudade, que não ia aguentar, que Deus é bom. E o senhor passava a mão na minha cabeça, com todo o amor do mundo.
...
Aí acordei. E essa talvez seja a primeira vez que um sonho me leva a tomar uma atitude de verdade. Mesmo que seja só umas palavras (e eu me dou bem com elas).
...
Pai, eu te amo. Muito, muito, muito, mais do que eu pensei que amava até hoje. No decorrer dos meus quase 20 anos, acho que essa é a primeira vez que temos a oportunidade de conviver de verdade, como pai e filha. E hoje, depois de alguns dias maravilhosos ao seu lado, posso afirmar: eu tenho orgulho de tê-lo como meu pai. Amo o seu jeito doce de falar comigo, de viver, na verdade. Amo a forma como você trata as outras pessoas, sempre prestativo e atencioso. Amo o seu coração mole (e descobri, enfim, a quem eu puxei). Amo a sua paciência, a certeza que o senhor tem de que tudo vai dar certo porque Deus está no controle. Amo a sua inteligência peculiar, sua vontade de aprender mais sempre.
.
A coisa mais fofa do mundo é quando o senhor vem da cozinha trazendo um pratinho de bolo, um sanduíche, ou biscoitos, e diz "come, Mille, é especialmente pra você". Mesmo que na verdade nem seja, aquela comidinha besta se torna especial por sua causa. Acho lindo o amor que o senhor tem por mim, pelos seus outros filhos, é um amor tão cheio de gentilezas que me inspira a ser alguém melhor, mais doce, mais amável.
.
Você é o melhor pai do mundo, e eu te amo. Quando estou em Itabuna (ou em qualquer outro lugar), eu lembro sempre do senhor, e sinto muita falta do seu abraço e da sua mão na minha cabeça dizendo que "vai ficar tudo bem, minha princesa". E a parte real do sonho, é que vou sentir saudade de ver o senhor chegando do trabalho, sempre com um sorriso no rosto, e trazendo alguma besteirinha no bolso, porque lembrou da gente. Vou sentir saudade ainda do seu abraço de boa noite e do seu beijo de bom dia. E todas essas coisinhas pequenas que fazem uma diferença tão grande pra mim.
...
Pai, eu sei que não disse tudo, porque nem caberia no papel, mas, sei lá, acho que essas palavrinhas valem pra o senhor saber que a sua princesa te ama.
...
um beijo e um abraço daqueles,
Samille.
..

>.
"Pai, você faz parte desse caminho que hoje eu sigo em paz. "
.

3 comentários:

Julia disse...

que lindo, sam! :)

lu disse...

eu teria orgulho em ser teu pai, pequena... beijao! bonito texto!

Marcelle disse...

Tão delicado e tão verdadeiro seu post que me emocionou.