sábado, 4 de julho de 2009

Sobre a saudade e o são joão...

Posso lembrar com riqueza de detalhes daquele 1º de Abril de 2008. O livro de matemática jogado em cima da cama e uma coragem zero para começar a estudar trigonometria no triângulo retângulo pela segunda vez, a janelinha do MSN piscando e nenhuma paciência para responder a quem ousava interromper o meu momento de insatisfação plena.
.
Se fizer um pouco de esforço, consigo até lembrar da bermuda azul que usava, do cabelo preso num coque e dos gritinhos agudos e estridentes que saíram da minha boca ao ver o meu nome na lista dos aprovados no vestibular da UFRB.
.
Acho que, até então, esse foi um dos dias mais emocionantes da minha vida. Descobri no dia 1º de Abril que havia passado no vestibular, a matrícula deveria ser feita no dia 3, e as aulas já haviam começado, ou seja, tinha apenas 24h para colocar 17 anos em uma mala e mudar de cidade. Não sobrou tempo para pensar se eu queria ou não ir, as únicas horas livres que me restaram foram dedicadas a uma breve despedida de amigos e familiares.
.
Confesso, tive medo. Medo de deixar pra trás o que eu achava que me pertencia aqui. Medo de não conseguir lidar sozinha com os problemas da vida. Eu, no auge dos meus 17 anos, nunca tinha dormido uma noite fora de casa antes desse 1º de Abril, como assim morar sozinha em uma cidade tão distante? Tive muito medo de estragar tudo.
.
Lembro de ter ido fazer a matrícula e a mudança no dia 3, e lembro também de ter voltado pra Itabuna no dia 4 com toda a mudança no fundo do carro. Foi difícil deixar tudo pra trás sem um tempo considerável para me acostumar com a idéia. Entre lágrimas, bronca de vó, conselhos de mãe, decidi voltar (e foi uma das decisãos mais acertadas que já tomei na vida).
.
Aos poucos, o medo cedeu lugar à certeza de que eu saberia exatamente o que fazer. E lá, naquela pequenina cidade entre montanhas que me acolheu tão bem, fiz amigos, aprendi a morar sozinha, a lidar com os afazeres domésticos, a ser dona da minha vida, a jornalizar, lá eu aprendi ainda que as coisas nem sempre acontecem como a gente quer, e temos que aprender a lidar com isso, que precisamos lutar pelo que queremos, que a vida nem sempre vai facilitar as coisas pra nós, mas não devemos desistir.
.
O único ponto negativo, é que eu não conseguia me imaginar jornalista depois que os 8 semestres passassem, e isso me angustiava. Eu gostava do curso, me identificava com as letras, tinha os melhores professores doutores, ph.D da região, mas eu estava cursando jornalismo, e pensando em fazer direito quando saísse dali. No decorrer do terceiro semestre essa divergência de desejos e interesses me irritou a tal ponto, que resolvi desistir de tudo por lá e voltar pra Itabuna.
.
Não me arrependo de ter mudado de curso, mas sinto falta da vida por lá... e esse rodeio todo que fiz no texto foi só pra dizer que o são João foi perfeito, que as coisas por lá continuam do mesmo jeito que eu deixei, que a felicidade ainda me visita quando estou em frente ao paraguaçu, que fiz amigos de verdade no interior daquele interior, que quero voltar mais vezes para lá, e que a vida aqui vai bem, obrigada, só falta um pedaço de Cachoeira em mim.
.

"Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade..." :)

4 comentários:

Lena disse...

Samile

Fico feliz por vc guardar tão boas lembranças de Cachoeira.
Não falta um pedaço de Cachoeira em você, pois carrega consigo um pedaço desse pedacinho de chão encantador, e também deixou aqui um pouco de você, principalmente no coração de seus amigos e amigas.
Volte sempre.

Beijos

Lena

Samille Silva disse...

ô, Lena, que felicidade ler esse seu recado! :) Eu que fico feliz de ter tido a sorte de encontrar pessoas tão maravilhosas durante o tempo que passei ai, e mais sorte ainda de ter sido sua "filha emprestada" por quase 1 ano! :)

Saudades sempre...
Obrigada por tudo! :)

Beijão!

Sam.

Gustavo M² d'Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gustavo M² d'Oliveira disse...

Mille!
amor de minha vida...
saudades...
faltou falar quem foi o arauto da noticia verdadeira no dia da mentira... rsrsrss...
não abdico de minha glórias...
muitas saudades de ti moça...
te adoro...
bjão...
desencontramo-nos no sanjão, hen? rsrss...
bjos...
bjos...
i...
bjos...