domingo, 23 de setembro de 2012

Sobre o amor e as suas diversas formas de se reinventar...

"Pra te colorir e te cobrir de bem querer" dizia o cartão que alegrou a noite. E ela, que andava triste e descrente dos rapazes, ao ser recepcionada com um buquê de flores, músicas especialmente selecionadas e um sorriso brincando nos lábios, descobriu que ainda existe doçura nesse mundo.
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Ele confessou certa vez, temia que ela fosse como essas meninas comuns, que a gente torce para que "virem pizza" depois de alguns instante ao nosso lado. Mas com ela era diferente, com ela tinha papo cabeça, papo sem cabeça nenhuma, pequenas loucurinhas, sessão fotográfica, estudo de tartarugas, invenção de dialetos tipicamente baianos, tentativas frustradas de aprender algumas regras do futebol, vontade de sorvete à noite, se perder na Ribeira, pôr do sol no Humaitá, e sorrisos, muitos sorrisos, o tempo inteiro. Com ela, ele nem cogitava pôr em prática essa metáfora de "fazer virar pizza". Com ela, ele queria dividir uma salada, uma cama aos domingos, um abraço nos dias frios, uma viagem a Argentina e muitos encontros futuros.
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E ela, já tão cansada de falsas promessas e sorrisos encantadoramente fingidos, mantinha um dos pés atrás, numa tentativa tola de garantir que a queda, quando chegasse a hora, não fosse muito impactante. Mas, incrivelmente, ao lado dele ela não tinha medo de sofrer, ou talvez achasse que por ele valia à pena o risco. E ela tinha aprendido, e pra nunca mais esquecer, que pra viver de verdade a gente precisa ter coragem para se arriscar num futuro incerto, pra se permitir envolver e para levantar e reescrever um novo conto, se preciso for.

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